sexta-feira, 30 de abril de 2010

Meu Espinho na Carne



O apóstolo Paulo, na carta à Igreja de Corinthios, reclamou, depois de uma visão celestial ter adquirido um espinho na carne, e orou a Deus para retirar dele aquele incômodo de sofrimento e o fez por três vezes. O Criador, por sua vez, menosprezou a sua dor, entregando-lhe um consolo tão enigmático quanto ao que viria a ser tal cravo no corpo de um dos mais proeminentes discípulos. “Minha graça te basta”. Está foi a resposta para a petição agonizante do seu servo.

Longe da fé do apóstolo e de seus serviços prestados ao Reino de Deus, em pleno Século XXI, exatamente no dia 15, às 13h46, este convertido em Jesus Cristo julga ter recebido não um, mas muitos “espinhos na carne”. Minha paixão é evangelizar, discipular e buscar a santidade, desde a meninice, não contabilizando os tempos de ignorância e queda. E exatamente, agora, depois de trato com Jesus Cristo, em reconciliação eterna, sinto-me incapaz e inútil.

Há dias, venho passando por provações e provocações, pelo propósito de Deus e vontade do inimigo de nossas almas, que a mencionada incapacidade me conduz a deixar de ser um pregador, para tornar-me zelador de uma das Igrejas de Nosso Senhor, espalhadas pelo mundo, por não estar suportando as dores dos espinhos que foram incrustados até na alma, aleijando meu espírito.

O apóstolo Paulo não descreveu seu espinho na carne, mas eu tenho condição de fazê-lo não com precisão, porque não seria da permissão de Deus diminuí-lo diante dos incrédulos ao narrar cenários no campo dos mistérios seus. Meu principal espinho na carne são os demônios, que se valendo de pessoas que supostamente me amam, me atacam violentamente, jogando-me no colo da solidão.

Neste exato momento, passo por tentação, que não vem de Deus, em que sou lançado de lado a outro para me sentir lixo, inútil para o serviço do Rei. Dos meus familiares a pessoas próximas, cobram-me amor que não tenho para dar. Ontem, me passou pela mente não mais pregar o Evangelho porque nele reside o poder, mas em minha se encontra toda fraqueza. Sou um monstro na concepção desses espíritos baixos, inferiores, e que desejam assim me sinta.

Não sei quando serei liberto das correntes destas hostes espirituais, malignas, mas conseguem me remeter a pensamentos mais loucos, como abandonar tudo e sair como peregrino no vasto mundo. Coragem para tanto não me falta. Só precisaria ter a confirmação da vontade de Deus, por milagre ou por sinais, que saberei compreender. Então farei. Sou livre, porque bem sei que o maligno não pode me tocar, mesmo sendo um filho adoentado pelas enfermidades impostas pelo mesmo.

Sinto, em síntese, talvez, necessidade de chorar copiosamente, de coração, de alma e espírito, para me reavivar, como que ressuscitando, pois no momento estou como Lázaro dentro da caverna, e morto.